O câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres. No Brasil, são esperados, no triênio de 2023-2025, mais de 73 mil novos casos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer.
A doença também tem afetado mulheres mais jovens. Dados do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), indicam que mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com câncer de mama no Brasil no período entre 2018 e 2023, uma média de uma em cada três mulheres diagnosticadas com a doença.
Mas, além dos tratamentos, a paciente também pode enfrentar alguns problemas consequentes deles, como dor no local da cirurgia, seroma, linfedema, disfunção cardíaca, menopausa precoce etc. Por isso, mais do que acompanhar o tratamento em si, planejar o que vem a seguir e criar estratégias para ter uma qualidade de vida melhor é essencial para a fase pós-câncer.
Principais consequências pós-câncer de mama
As consequências do tratamento do câncer de mama variam, mas podem incluir efeitos colaterais da cirurgia, como infecção, seroma e dor; da quimioterapia, como náuseas, fadiga e anemia; da radioterapia, como alterações na pele e risco de linfedema; além de implicações hormonais, como menopausa precoce e infertilidade, e impactos psicológicos e emocionais, afetando a autoestima.
Seroma: acúmulo anormal de fluido (líquido seroso) em um espaço que se forma após a cirurgia na mama. Esse acúmulo é uma complicação pós-operatória comum, resultado de uma reação inflamatória do corpo ao trauma cirúrgico e à separação de tecidos. Ele pode ser reabsorvido naturalmente, mas seromas maiores podem precisar de drenagem com seringa, por meio de uma punção médica.
Dor na cicatriz: pode ser causada por danos aos nervos que ocorrem durante a cirurgia, resultando em dor neuropática, ou pelo tecido cicatricial em si. A dor pode variar de queimação e pontadas a sensibilidade aumentada e pode ser persistente ou intermitente. É uma condição normal, mas que exige avaliação médica.
Alterações na pele: após o tratamento do câncer de mama, podem ocorrer alterações na pele, como endurecimento, vermelhidão, escurecimento, ressecamento e cicatrizes, que são consequências da quimioterapia e radioterapia. Alguns tratamentos incluem o uso de hidratantes, cremes específicos, proteção solar e acompanhamento para avaliar a possibilidade de tratamentos corretivos para cicatrizes.
Linfedema: inchaço crônico causado pelo acúmulo de fluido linfático (linfa) no tecido da mama ou do braço, que pode ocorrer após tratamentos de câncer de mama, como a remoção ou radioterapia de linfonodos axilares. Os sintomas incluem inchaço, sensação de peso, aperto e alterações na pele. O tratamento geralmente envolve fisioterapia, como drenagem linfática.
Câncer de mama e menopausa precoce
A menopausa precoce após tratamento de câncer de mama ocorre porque a quimioterapia ou a hormonoterapia podem afetar o funcionamento dos ovários, levando à parada das menstruações e aos sintomas de menopausa, como ondas de calor e secura vaginal, mesmo em mulheres jovens.
O tratamento para esses sintomas deve ser individualizado e pode incluir mudanças no estilo de vida, uso de lubrificantes vaginais e, em alguns casos, medicamentos não hormonais.
Qualidade de Vida
Muitas mulheres relatam que o câncer transformou suas perspectivas de vida, levando-as a valorizar mais a saúde, a ter uma alimentação equilibrada e a adotar um estilo de vida mais saudável.
Saúde mental e câncer de mama
Todo o processo do câncer de mama traz consequências físicas e mentais. Para mulheres, a perda de autoestima é algo muito comum. Por isso, o acompanhamento psicológico é fundamental, não apenas no pós, como também antes e durante o tratamento.
Além disso, ter uma rede de apoio, seja da família, parceiro(a) ou amigos, também é essencial para que a paciente não se sinta sozinha.
Reavaliação de Prioridades
O diagnóstico pode levar a uma reavaliação das prioridades e do significado da vida, com algumas mulheres encontrando sentido no trabalho como uma distração da doença, e outras, valorizando mais os relacionamentos e o tempo livre.
Retorno ao Trabalho
O retorno ao trabalho pode ser essencial para o bem-estar do paciente, mas pode exigir adaptações na rotina, como flexibilização de horários ou mudança de funções, para facilitar a reinserção profissional.
A atividade física pós-câncer de mama
A atividade física para mulheres pós-câncer de mama deve ser gradual e adaptada aos limites individuais, com foco em atividades que promovam o bem-estar e fortaleçam o corpo, como caminhadas, dança, ioga, pilates ou musculação leve, com orientação e acompanhamento do médico e de profissionais como o fisioterapeuta. É fundamental para acelerar a recuperação física e fortalecer a região operada, com técnicas e decisões adaptadas para cada paciente e suas particularidades, respeitando o seu tratamento, seus limites e suas preferências.
É fundamental obter o acompanhamento médico antes de iniciar qualquer exercício e ter cuidados específicos com o braço do lado operado, evitando movimentos repetitivos ou excessivos, levantá-lo acima do ombro ou fazer atividades com pesos pesados.
Além de melhorar a saúde física, praticar exercícios oferece benefícios que incluem a redução do risco de recorrência do câncer, melhora da saúde física e mental e recuperação da mobilidade. As atividades também diminuem o estresse, melhoram o sono e a qualidade de vida, além de prevenir outras doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabetes.