Por que os casos de autismo estão crescendo no Brasil e no mundo?

O aumento dos casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido observado globalmente nas últimas décadas. Nos Estados Unidos, dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) indicam que a prevalência do autismo aumentou de 1 em 166 crianças em 2004 para 1 em 36 em 2023. 

No Brasil, embora não haja estatísticas oficiais recentes, estimativas sugerem que aproximadamente 2 milhões de pessoas estão no espectro autista, representando cerca de 1% da população. 

Embora haja um aumento no número de diagnósticos, isso não necessariamente reflete um crescimento real na incidência do autismo, mas sim uma melhoria na identificação e compreensão do transtorno.

Há três grandes explicações para esse fenômeno: a ampliação dos critérios diagnósticos, o aumento da conscientização sobre o transtorno e possíveis influências ambientais e genéticas. Vamos aprofundar cada um desses pontos.

1. Ampliação dos critérios diagnósticos

Antigamente, apenas casos mais graves de autismo eram diagnosticados, enquanto quadros mais leves passavam despercebidos. Com a criação do conceito de espectro autista, crianças e adultos com diferentes níveis de dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos passaram a ser incluídos no diagnóstico.

O DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), lançado em 2013, unificou diversas classificações anteriores, como a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento, dentro do TEA. Essa mudança fez com que mais pessoas se encaixassem no diagnóstico.

2. Maior conscientização e acesso ao diagnóstico

Hoje, pais, professores e profissionais da saúde estão mais informados sobre os sinais do autismo. Isso leva a um diagnóstico precoce e a mais casos identificados.

Além disso, a sociedade passou a aceitar melhor a diversidade neurológica, permitindo que mais adultos buscassem um diagnóstico, o que também contribui para o aumento dos números. 

Muitas pessoas que antes eram apenas rotuladas como “tímidas”, “desajeitadas” ou com “dificuldades sociais” agora entendem que suas características fazem parte do espectro autista.

3. Fatores ambientais e genéticos

Estudos indicam que a genética tem um peso significativo no autismo. No entanto, fatores ambientais também podem influenciar, como:

  • Idade avançada dos pais: Quanto mais velhos a mãe ou o pai no momento da concepção, maior o risco de mutações genéticas associadas ao autismo.
  • Exposição a poluentes: Alguns estudos sugerem que a exposição a produtos químicos durante a gravidez pode estar relacionada ao aumento da prevalência do TEA.
  • Condições durante a gestação: Diabetes gestacional, infecções e outros fatores podem influenciar no desenvolvimento neurológico do bebê.

Pesquisadores continuam estudando o autismo para entender melhor suas causas e como oferecer suporte adequado às pessoas dentro do espectro. Enquanto isso, a sociedade precisa continuar promovendo a inclusão e aceitação dessas pessoas.